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Desde criança eu me sentia atraído pela busca ao animal misterioso. Podiam ser os animais do imaginário, como o Unicórnio, o Grifo, a Roca, o Marsupilami, o Jeep, o Anhangá, o Pushmi-pullyu ou o Jaguadarte. Podiam ser as histórias dos naturalistas identificando as espécies em longas expedições, como contava o Diário da Viagem de Charles Darwin ao redor do mundo, que li quando tinha 10 anos.
Aos 11, inspirado pelos Cronopios de Julio Cortázar, comecei a pesquisar, nos meus próprios desenhos, o meu animal misterioso. Surgiu o Poligato, que continuou chamando assim por quase duas décadas, até eu desenvolver um programa de conscientização ambiental, nos anos 1990, com a bióloga Andree Vieira.
Ela desenvolvia as atividades com as escolas e eu criava vídeos, histórias, quadrinhos e ilustrações. Chamávamos nosso projeto de Super Eco, e resolvi rebatizar meu Poligato assim. Comecei então a contar a história da busca pelo Super Eco, mas travei em um impasse. Existia um grande equívoco nesse nome e em eu ter imaginado que o Super Eco era uma espécie de super-animal, capaz de se adaptar e viver em qualquer ecossistema. Porque isso seria exatamente o contrário do que a Natureza nos ensina. Cada espécie é única, com habilidades e qualidades próprias, vivendo em ambientes específicos. E toda essa rica diversidade, relacionando-se em equilíbrio dinâmico, é que é a Vida, delicada e preciosa. E a riqueza e o motor da vida é a diversidade. Essa é uma grande lição, que pode ser lembrada sempre. E eu havia ignorado isso em minha história e tomado o caminho errado para encontrar meu animal misterioso.
Os animais são grandes professores. As plantas, especialmente as árvores, e até as pedras, também são. Desde que saibamos prestar atenção, sendo alunos esforçados. Eu e os bichos compartilhamos muitos segredos. Sou grato a eles por isso.
Então, finalmente, depois de mais de dez anos, retomei a busca pelo animal misterioso. Aproveitei da minha história e dos desenhos todas as pistas que ainda me guiavam, e saí na trilha do Zu Kinkajú. Agora nós já sabemos que se trata de uma espécie de mamífero neotropical da família Procionídea, próximo do Gênero Potos (Jupará, Quincajú ou Ursinho do Mel) e do Gênero Bassaricyon (Olingo).
Sim, eu sei, no final das contas muito ainda permanece envolto em mistério. Afinal, o que significa exatamente o fim desta história e o que aconteceu com a Naná durante os quatorze anos que se passaram? Mas isso é para responder em outra oportunidade.
Este livro em quadrinhos foi produzido seguindo três princípios com os quais trabalho há algum tempo: Eco eficiência, Biofilia e a Pergunta-Chave.
Eco eficiência significa escolher materiais para fazer o produto, que não poluam e causem o menor impacto possível ao meio-ambiente.
Biofilia é o amor à vida. A vida é uma dádiva que contém dentro dela mesma um Amor que a sustenta. Despertar as crianças de todas as idades, para isso, é algo em que acredito e que me move.
A Pergunta-Chave é: - O que nós realmente sabemos? – Ao nos fazer essa pergunta, nos tornamos mais cuidadosos e mais conscientes de nossas limitações. A maioria dos danos, incluindo aqueles que causamos a nós mesmos, aos outros e ao mundo em que vivemos, é resultado do nosso excesso de certeza.
E afinal, o que nós realmente sabemos?...
Tags:
nacional; proac; ecologia; meioambiente
Roteiro: céu d ellia
Arte: CÉU D ELLIA